terça-feira, novembro 14, 2006

Aos Pés do Mestre - AMOR - Parte V


A superstição é outro grande mal, que tem causado muitas e terríveis crueldades. O homem que é seu escravo desdenha aqueles que são mais sábios e tenta fazê-los agir do mesmo modo. Pensa nos horrendos massacres produzidos pela superstição que aconselha o sacrifício de animais e pelo ainda mais cruel preconceito de que o homem necessita de carne para alimentar-se. pensa nos maus-tratos que a superstição tem criado para as classes oprimidas da nossa bem-amada Índia, e verifica por aí quanto essa má qualidade pode originar da crueldade cobarde, mesmo entre os que conhecem o dever de ser fraternal. Os homens cometeram muitos crimes em nome do Deus do Amor, movidos pelo pesadelo da superstição; cuida, pois, muito para que dela não reste em ti o menor vestígio.

Esses três grandes crimes deves evitar, pois são fatais a todo o progresso, por serem pecados contra o Amor. Não basta, porém, refrear o mal; é preciso ser activo no bem. Deves encher-te tanto do intenso desejo pela formação desse hábito de serviço, que estejas sempre vigilante para prestá-lo em torno de ti – não somente aos homens, como também aos animais e às plantas. Deves prestá-lo nas pequenas coisas, cada dia, a fim de que não percas as raras oportunidades em que se te apresentem grandes coisas para fazeres. Pois, se anseias unir-te a Deus, não é por amor a ti próprio, mas para que possas ser um canal através do qual o Seu amor flua aos homens, teus irmão.

Aquele que está na Senda não existe para si mesmo; mas para os outros; esquece a si próprio para poder servi-los. Ele é como uma pena na mão de Deus, através da qual o Seu pensamento flui e pode encontrar neste mundo uma expressão que, sem esse instrumento, não poderia ter. É ao mesmo tempo uma coluna de fogo vivo a irradiar sobre o mundo o Amor Divino que lhe enche o coração.

A Sabedoria que torna capaz de ajudar, a Vontade que dirige a Sabedoria, o Amor que inspira a Vontade – tais são as qualidades requeridas. Sabedoria, Vontade e Amor são os três aspectos do Logos; e tu, que desejas alistar-te ao Seu serviço, deves expressar esses três aspectos no mundo.

Aos Pés do Mestre - AMOR - Parte IV

Sei que não farás essas coisas; e, por amor de Deus, quando a oportunidade se oferecer, falarás abertamente contra ela. Porém, existe a crueldade na palavra, da mesma forma que nos actos, e um homem que diz algo com a intenção de ferir a outrem é passível desse crime. Isso também não farás; porém, às vezes, uma palavra impensada faz tanto mal como se fosse malévola. Deves, pois, estar de sobreaviso contra a crueldade irreflectida.

Ela origina-se comummente da irreflexão. Um homem cheio de avareza e cobiça não pensa jamais nos sofrimentos que causa aos outros, pagando-lhes pouco e deixando meio famintos a mulher e os filhos destes. Outro pensa apenas nos seus desejos luxuriosos, pouco se importando com os corpos e as Almas que arruína para a sua satisfação. Outro, somente para poupar-se a uns minutos de incómodo, não paga aos seus operários no dia designado, sem pensar nas dificuldades que lhes origina. Muito sofrimento pode, pois, ser causado pela irreflexão – pelo olvido de pensar sobre o modo pelo qual uma acção afecta os outros. Porém, o karma não esquece nunca e não leva em conta o esquecimento dos homens. Se desejas entrar na Senda, deves pensar nas consequências das tuas acções a fim de não incidires na crueldade irreflectida.

Aos Pés do Mestre - AMOR - Parte III

Não contente de ter feito todo esse mal a si próprio e à sua vítima, o maledicente tenta, com todas as suas forças, fazer os outros participantes do seu crime. Conta prontamente a perversa história, na esperança de que o acreditem; e então juntam-se todos a enviar maus pensamentos ao pobre paciente. Isto repete-se dia a dia, e é feito não por um homem, mas por milhares. Começas a ver quão terrível é esse pecado? Deves evitá-lo por completo. Nunca fales mal de ninguém; recusa ouvir o mal que te disserem dos outros e suavemente observa: “Talvez não seja verdade e, mesmo que seja, é mais caridoso não falarmos nisso”.

Quanto à crueldade, pode ser de duas espécies: intencional e não-intencional. A crueldade intencional consiste em causar dano a um ser vivo, de ânimo deliberado; esse é o maior de todos os pecados – próprios antes de um demónio do que de um homem. Dirás que nenhum homem cometeria tal crime; porém, os homens cometeram-no muitas vezes e ainda o cometem diariamente. Praticaram-nos os inquisidores; foi praticado por muitas pessoas religiosas em nome da sua religião. Os vivissectores praticam-no; muitos professores praticam-no habitualmente. Todas essas pessoas procuram desculpar a sua brutalidade dizendo que é costume; um crime não deixa de sê-lo porque muitas pessoas o cometem. O karma não leva em conta o costume, e o karma da crueldade é, de todos, o mais terrível. Na Índia, pelo menos, não há desculpa para tais hábitos, pois o dever de não fazer mal é bem conhecido de todos. A sorte reservada ao cruel incide também sobre todos os que intencionalmente matam criaturas de Deus, sob pretexto de desportos.

Aos Pés do Mestre - AMOR - Parte II

Observa os efeitos da maledicência, e este em si mesmo já é um crime, pois, em tudo e em todos existe o bem, em tudo e em todos existe o mal. Podemos reforçar qualquer deles pelo pensamento, e desse modo ajudar ou embaraçar a evolução; podemos fazer a vontade do Logos ou resistir-lhe. Se pensares no mal que existe noutrem, cometes ao mesmo tempo três más acções:

1º - Enches o teu ambiente de maus em vez de bons pensamentos, aumentando, assim, a tristeza do mundo.

2º - Se nesse homem existir o mal que supões, fortificas e alimentas esse mal e, assim, tornas pior o teu irmão, em vez de melhorá-lo. Porém, geralmente o mal não existe nele, mas é apenas um produto da tua fantasia; e então o teu pensamento tentará o teu irmão à prática do mal, pois, se ele ainda não for perfeito, poderás torná-lo tal qual o imaginas.

3º - Saturas a tua mente de maus em vez de bons pensamentos; embaraças, assim, o teu próprio crescimento, tornando-te, aos olhos dos que podem ver, um objecto feio e penoso, em lugar de belo e atraente.

Aos Pés do Mestre - AMOR - Parte I

De todas as qualidades, o Amor é a mais importante, pois, sendo bastante forte num homem, obriga-lhe a aquisição de todas as demais qualidades, que não bastariam sem o Amor. É frequentemente expresso como um intenso desejo de se libertar da roda dos nascimentos e das mortes e de se unir a Deus. Entendê-lo, porém, desse modo, denota egoísmo e abrange apenas uma parte da sua significação. Não é tanto o desejo, como a vontade, a resolução, a determinação. Para produzir os seus resultados, essa resolução deve encher de tal modo toda a tua natureza que não deixe lugar para qualquer outro sentimento. É, na verdade, a vontade de ser uno com Deus, não para escapares à fadiga e ao sofrimento, mas para que, pelo teu profundo amor por Ele, possas agir com Ele. E porque Ele é Amor, tu, se quiseres unir-te a Ele, deves encher-te de profundo desinteresse e de amor.

Na vida diária isso implica duas coisas: em primeiro lugar, ter o cuidado de não fazer mal a nenhum ser vivo e, em segundo, vigiar as oportunidades de prestar auxílio.

Primeiro, não fazer mal. Três pecados acarretam o maior dano do que todos os outros no mundo – a maledicência, a crueldade e a superstição – por serem pecados contra o Amor. O homem que quiser encher o seu coração do amor de Deus deve estar incessantemente precavido contra a prática desses três pecados.

Aos Pés do Mestre - Boa Conduta - Parte VII

Confiança
Deves confiar no teu Mestre e ter confiança própria. Se já viste o Mestre, n’Ele confiarás plenamente, através de muitas vidas e mortes. Se ainda não O viste, deves tentar averiguar a Sua existência e confiar n’Ele, porque, se não o fizeres, nem mesmo Ele poderá ajudar-te. Sem a perfeita confiança, não poderá haver a perfeita efusão de amor e poder.

Necessitas de confiar em ti mesmo. Dizes que te conheces muito bem? Se assim pensas, não te conheces – conheces apenas o débil envoltório externo que frequentemente tem caído na lama. Porém, tu – o Eu real – és uma centelha do Fogo Divino, e Deus, que é Todo-Poderoso, está em ti e, por esses motivo, nada existe que não possas fazer, se o quiseres. Diz a ti mesmo: “O que o homem fez, o homem pode fazer. Eu sou um homem, porém, sou também o Deus que está no homem; eu posso fazer isso e quero fazê-lo”. Pois se quiseres trilhar a Senda, a tua vontade deve ser como aço de boa têmpera.

Aos Pés do Mestre - Boa Conduta - Parte VI

Perseverança
A única coisa que deves manter sempre presente na tua mente é o trabalho do Mestre. Qualquer outra coisa que surja no teu caminho não te deve fazer esquecê-lo. Na verdade, nenhuma outra coisa poderá surgir diante de ti, pois todo o trabalho útil e desinteressado é trabalho do Mestre, e tu deves executá-lo por amor a Ele. E precisas de dedicar-lhe toda a tua atenção a fim de fazê-lo do melhor modo possível. O mesmo Instrutor escreveu também:”O que quer que faças fá-lo de boa vontade, como se fosse para o Senhor e não para os homens”. Pensa como executarias um trabalho se soubesses que o Mestre viria vê-lo imediatamente; é justamente nessas condições que deves executar tudo. Aqueles que sabem melhor compreenderão o significado desse versículo. Há outro versículo semelhante, porém muito mais antigo: “Em tudo o que a tua mão fizer, aplica toda a tua força”.

A perseverança significa também que nada deverá afastar-te, por um momento sequer, da Senda em que entraste. Nem tentações, nem os prazeres do mundo, nem as afeições mundanas devem jamais desviar-te. Pois tu mesmo deves unificar-te com a Senda, ela deve tornar-se de tal modo parte da tua própria natureza, que a percorras sem nisso teres de pensar e sem te desviares. Tu, a Mónada, assim o decidiste; separaste-te da Senda equivaleria a separares-te de ti mesmo.

Aos Pés do Mestre - Boa Conduta - Parte V

Contentamento

Deves suportar o teu Karma alegremente, qualquer que seja ele, tendo o sofrimento como uma honra, pois demonstra que os Senhores do Karma te acham dignos de auxílio. Por muito duro que ele seja, mostra-te agradecido por não ser ainda pior. Lembra-te que de muito pouca utilidade serás para o Mestre enquanto o teu mau karma não for esgotado e dele não estiveres livre. Oferecendo-te a Ele, pediste que o teu Karma fosse apressado e, assim, numa ou duas vidas esgotas o que, de outro modo, exigiria uma centena delas. Para maior proveito, porém, deves suportá-lo alegremente.

Há outro ponto de importância: abandona todo o sentimento de posse. O karma pode arrebatar-te aquilo de que mais gostas, mesmo as pessoas que mais amas. Ainda assim deves ficar contente, pronto a separar-te de tudo e de todos. O Mestre necessita frequentemente de transmitir a Sua força a outros por intermédio do Seu servo, mas não poderá fazê-lo se o servo ceder ao desânimo. Por isso, o contentamento é indispensável.

Aos Pés do Mestre - Boa Conduta - Parte IV

Tolerância
Deves sentir perfeita tolerância por todos, e um sincero interesse pelas crenças dos de outra religião, tanto quanto pelas tuas próprias. Pois a religião dos outros é um Caminho para o Supremo, da mesma forma que a tua. E para auxiliar a todos é preciso tudo compreender.

Mas a fim de alcançar essa perfeita tolerância, deves tu próprio, em primeiro lugar, libertar-te da superstição e da beatice. Precisas de aprender que não há cerimónias indispensáveis; de outro modo te suporias um pouco melhor do que aqueles que não as cumprem. Não condenes, porém, os que ainda se apegam às cerimónias. Deixa-os fazer o que lhes aprouver, contanto que não se intrometam no que concerne a ti, que conheces a verdade, pois não devem tentar forçar-te ao que já ultrapassaste. Sê indulgente com todos; sê benévolo em tudo.

Agora que os teus olhos foram abertos, algumas das tuas antigas crenças e cerimónias podem parecer-te absurdas; talvez, na realidade, o sejam. Apesar de não poderes mais tomar parte nelas, respeita-as por amor às boas almas para quem elas são ainda importantes. Têm o seu lugar e utilidade; assemelham-se às duplas linhas que, quando criança, te guiavam para escreveres em linha recta na mesma altura, até que aprendeste a escrever muito melhor e mais livremente sem elas. Houve um tempo em que necessitaste delas; esse tempo, porém, já passou.

Um grande Instrutor escreveu certa vez: “Quando eu era criança, falava como criança, entendia como criança; porém, quando me tornei homem, abandonei os meus modos infantis”. No entanto, aquele que esqueceu a sua infância e perdeu a simpatia pelas crianças não é o homem que as possa instruir e ajudar. Assim, olha para todos bondosamente, gentilmente, tolerantemente; porém, a todos da mesma forma, quer sejam budistas, jainistas, judeus, cristãos ou maometanos.

Aos Pés do Mestre - Boa Conduta - Parte III

Domínio da Acção
Se o teu pensamento for o que deve ser, encontrarás pouca dificuldade no domínio da acção. Lembra-te que, para ser útil à humanidade, o pensamento deve traduzir-se em acção. Nada de indolência, mas uma constante actividade no trabalho útil. Deves, porém, cumprir o teu próprio dever e não o de outrem, a não ser com a sua devida permissão e sempre no intuito de ajudá-lo. Deixa que cada um execute o seu trabalho a seu modo; mantém-te sempre pronto a oferecer auxílio onde for necessário, porém, nunca te intrometas. Para muita gente, a coisa mais difícil deste mundo é aprender a ocupar-se dos seus próprios negócios, porém, é exactamente isso o que deves fazer.

Pelo facto de empreenderes um trabalho de ordem superior, não deves esquecer os teus deveres comuns, pois enquanto não os cumprires não estarás livre para outro maior. Não tomes sobre ti novos deveres para com o mundo; porém, desincumbe-te perfeitamente daquele de que já te encarregaste – os deveres definidos e razoáveis que tu próprio reconheces como tais, e não os deveres imaginários que porventura alguém pretenda impor-te. Se queres pertencer ao Mestre, deves executar o teu trabalho comum melhor e não pior do que os outros, porque deves fazer também isso por amor a Ele.

Aos Pés do Mestre - Boa Conduta - Parte II

Domínio da mente

A qualidade da ausência de desejos mostra que o corpo astral precisa de ser dominado, e o mesmo acontece em relação ao corpo mental. Isso significa domínio do temperamento, de modo a não poderes sentir cólera ou impaciência; domínio da própria mente, a fim de que o teu pensamento seja sempre calmo e sereno; e, por intermédio da mente, domínio dos nervos, a fim de que sejam o menos irritáveis possível. Este último objectivo é difícil de atingir, porque quanto tentas preparar-te para a Senda, não podes deixar de tornar o teu corpo mais sensível; de sorte que os teus nervos podem ser facilmente estremecidos por um som ou choque, e sentir de modo agudo qualquer pressão. Faz, porém, o melhor que te for possível.

Mente calma implica também coragem e firmeza: coragem para afrontares sem medo as provas e dificuldades da Senda, e firmeza para suportares as pequenas perturbações inerentes à vida diária e evitares os aborrecimentos incessantes, oriundos de pequenas coisas em que muita gente consome a maior parte do seu tempo. O Mestre ensina que não tem a menor importância o que aconteça exteriormente ao homem: tristezas, perturbações, doenças e perdas devem ser nada para ele, e não deve permitir que lhe afectem a calma do mental. São resultado das acções passadas e, quando chegam, cabe-te suportá-las alegremente, com a lembrança de que todo o mal é transitório, e de que é teu dever permanecer sempre contente e sereno. Pertencem às tuas vidas anteriores e não a esta; não poderás alterá-las; portanto, é inútil que te preocupes com elas. Pensa antes no que estás a fazer agora, e que determinará os acontecimentos da tua próxima vida, pois essa podes modificar.

Nunca cedas à tristeza nem ao desânimo. O desânimo é mau, porque contamina os outros e torna a vida deles mais difícil, o que não tens o direito de fazer. Portanto, sempre que venha a ti, deves repeli-lo imediatamente.

Deves, ainda dominar o teu pensamento de outro modo: não o deixes vaguear. Fixa o teu pensamento no que estiveres a fazer, a fim de que seja feito com perfeição. Não deixes a tua mente ociosa, porém mantém sempre nela bons pensamentos em reserva, prontos a avançar quando ela estiver livre.

Emprega diariamente o poder do teu pensamento em bons propósitos; sê uma força orientada para a evolução. Pensa cada dia em alguém que saibas estar imerso na tristeza e no sofrimento, ou a necessitar de auxílio, e derrama sobre ele os teus pensamentos de amor.

Preserva a tua mente do orgulho, porque este provém somente da ignorância. O homem que não sabe pensa ser grande por ter feito alguma grande coisa; mas o sábio compreende que só Deus é grande e que toda a boa obra é feita só por Ele.

Aos Pés do Mestre - Boa Conduta - Parte I

Os seis pontos sobre a conduta, especialmente exigidos pelo Mestre são:
- domínio da mente
- domínio da acção
- tolerância
- contentamento
- perseverança (unidade de direcção para o fim visado)
- confiança
(Sei que algumas destas qualidades são frequentemente expressas de modo diferente; em todo o caso dou-lhes as designações que o próprio Mestre empregou ao explicá-las.)

quinta-feira, novembro 02, 2006

sábado, outubro 28, 2006

Aos Pés do Mestre - AUSÊNCIA de DESEJO - Parte IV

Se julgas que alguém está a agir mal e encontras uma oportunidade de lho dizer em particular e muito delicadamente, porque assim pensas, talvez consigas convencê-lo; porém, em muitos casos, isso não passaria de uma interferência indébita. De modo algum deverás murmurar com uma terceira pessoa sobre o assunto, pois isso seria uma acção extremamente nociva.

Se observares um caso de crueldade para com uma criança ou um animal, é teu dever intervir. Se vires alguém a violar as leis do país, deves informar as autoridades. Se estiveres incumbido de instruir outra pessoa, pode tornar-se teu dever adverti-la suavemente das suas falhas. À excepção de tais casos, ocupa-te dos teus próprios afazeres e aprende a virtude do silêncio.

Aos Pés do Mestre - AUSÊNCIA de DESEJO - Parte III

Deves precaver-te, também contra certos pequenos desejos, comuns da vida diária. Nunca desejes sobressair nem parecer instruído. Não desejes falar. É bom falar pouco; melhor ainda é nada dizer, a não ser que estejas seguro de que o que pretendes dizer é verdadeiro, amável e útil. Antes de falar, reflecte cuidadosamente se o que pretendes dizer preenche essas três qualidades; caso contrário, não o digas.

É bom que te habitues a reflectir cuidadosamente antes de falar, pois, quando alcançares a Iniciação, terás de vigiar cada palavra a fim de não dizeres o que não deve ser dito. Muitas das conversações habituais são desnecessárias e insensatas; e, quando descem à maledicência, tornam-se perversas. Assim, acostuma-te antes a ouvir do que a falar; não emitas opinião senão quando directamente solicitada. Um enunciado das qualidades requeridas é assim formulado: saber, ousar, querer e calar, e a última das quatro é a mais difícil de todas.

Um desejo vulgar que deves severamente reprimir é o de te imiscuíres nos negócios de outrem. O que um homem faz, diz ou crê não é da tua conta, e precisas de aprender a deixá-lo absolutamente entregue a si próprio. Ele tem pleno direito à liberdade de pensamento, palavra e acção, até ao ponto em que não interfira no que concerne a outrem. Tu próprio reclamas a liberdade de fazer o que julgas bom; deves outorgar a mesma liberdade aos outros e, quando a usarem, não tens o direito de recriminá-los por isso.

Aos Pés do Mestre - AUSÊNCIA de DESEJO - Parte II

Quando tiverem desaparecido todos os desejos pessoais, poderá ainda restar o de apreciares o resultado do teu trabalho. Se auxiliares alguém, quererás ver até que ponto o tens ajudado; talvez queiras mesmo que ele também o reconheça e se mostre grato a ti. Isso, porém, é ainda o desejo, além de uma falta de confiança. Quando aplicas a tua energia em auxiliar alguém, advirá daí um resultado, quer possas vê-lo, quer não; se conheces a Lei, sabes que deve ser assim. Precisas, pois, de fazer o bem por amor ao bem, e não com a esperança da recompensa. Trabalha por amor ao trabalho, e não para ver o resultado; deves entregar-te ao serviço do mundo porque o amas e não podes deixar de fazê-lo.

Não desejes os poderes psíquicos; eles virão quando o Mestre achar que melhor será possuí-los. Forçá-los muito cedo traz consigo diversas perturbações; o seu possuidor é frequentemente desencaminhado por falazes espíritos da natureza ou então torna-se vaidoso e julga-se isento de cair em erro. Em todo o caso, o tempo e a força necessários para adquiri-los poderiam ser gastos a trabalhar para os outros. Eles virão no decurso do teu desenvolvimento – porque devem vir; e, se o Mestre entender que te será útil possuí-los mais cedo, ensinar-te-á como desenvolvê-los com segurança. Até então, melhor será que não os possuas.

Aos Pés do Mestre - AUSÊNCIA de DESEJO - Parte I

Há muitas pessoas para as quais a qualidade de ausência de desejos (abnegação, desapego) é difícil, por pensarem que os seus desejos são elas próprias e que, se esses desejos peculiares, simpatias e antipatias lhes forem tirados, nada mais lhes restará. Essas, porém, são somente as que ainda não viram o Mestre; à luz da Sua Santa Presença todo o desejo sucumbe, excepto o de se assemelhar a Ele. No entanto, antes mesmo de teres a ventura de encontrá-lO face a face, podes conquistar a ausência de desejos, se o quiseres. O discernimento já te demonstrou que as coisas mais desejadas pelos homens, tais como a riqueza e o poder, não merecem o trabalho de serem possuídas; quando isso realmente é sentido, e não apenas enunciado, cessa todo o desejo por elas.

Tudo isso é simples; necessitas apenas de compreender. Há, porém, algumas pessoas que se recusam a prosseguir em objectivos terrenos somente no intuito de alcançar o céu, ou para atingir a libertação pessoal dos renascimentos. Não deves cair nesse erro. Se te esqueceste por completo de ti mesmo, não podes preocupar-te com a época da libertação do teu ego ou com a espécie de céu que lhe caberá. Lembra-te de que todo o desejo egoísta é um liame e, por muito elevado que seja o seu objectivo, enquanto dele não te desembaraçares, não estarás totalmente livre para te entregares à obra do Mestre.

quinta-feira, outubro 26, 2006

Aos Pés do Mestre - DISCERNIMENTO - Parte VIII

Deves também ser verdadeiro no falar, exacto e sem exageros. Nunca atribuas más intenções a outrem; somente o seu Mestre lhe conhece os pensamentos, e bem pode estar a agir por motivos que nunca penetraram a tua mente. Se ouvires uma narrativa contra alguém, não a repitas; pode não ser verdadeira e, ainda que o seja, é mais bondoso nada dizer. Pensa bem antes de falar, a fim de não caíres em inexactidões.

Sê verdadeiro na acção, nunca pretendas parecer senão aquilo que és, pois todo o fingimento constitui um obstáculo à pura luz da verdade, que deve brilhar através de ti como a luz do Sol através de um vidro transparente.

Precisas de discernir entre o altruísmo e o egoísmo; este último reveste muitas formas e, quando pensas tê-lo finalmente morto numa delas, surge noutra tão forte como sempre. Porém, o pensamento de auxiliar os outros encher-te-á gradualmente de tal modo que não haverá lugar nem tempo para pensares em ti próprio.

Deves ainda utilizar o discernimento de outra forma: aprende a distinguir Deus, que está em todos e em tudo, por pior que seja a sua aparência exterior. Podes ajudar o teu irmão pelo que tens em comum com ele – a Vida Divina. Aprende a despertar nele essa Vida, aprende a invocá-la nele, assim o salvarás do mal.

Aos Pés do Mestre - DISCERNIMENTO - Parte VII

O teu pensamento acerca dos outros deve ser verdadeiro; não penses a seu respeito aquilo que não saibas. Não suponhas que os outros estejam sempre a pensar em ti. Se um homem faz alguma coisa que julgas poder prejudicar-te, ou diz algo que parece ser-te dirigido, não suponhas imediatamente: “Ele pretende ofender-me”. O mais provável é que nunca pense em ti, pois cada alma tem as suas próprias preocupações, e os seus pensamentos não giram, a maioria das vezes, em torno senão de si própria. Se um homem te falar colericamente, não penses: “Ele odeia-me e quer ferir-me”. Provavelmente alguém ou alguma coisa encolerizou-o e, acontecendo encontrar-te, voltou a sua cólera sobre ti. Procede insensatamente, pois toda a cólera é insensata, mas nem por isso deves pensar falsamente a seu respeito.

Quando te tornares discípulo do Mestre, poderás sempre averiguar a veracidade do teu pensamento cotejando-o com o d’Ele. Pois o discípulo é um com o seu Mestre, e basta-lhe fazer retroceder o seu pensamento até o d’Ele para verificar se ambos estão de acordo. Se assim não for, o pensamento do discípulo é erróneo, e ele deve modificá-lo instantaneamente, pois o pensamento do Mestre é perfeito, visto que Ele tudo sabe. Aqueles que por Ele ainda não forem aceites não podem fazer isso perfeitamente; porém, serão bastante ajudados se se detiverem frequentemente a perguntar: “O que pensaria o Mestre a esse respeito? Que faria ou diria Ele em tais circunstâncias?” pois nunca deves fazer, dizer ou pensar o que não possas imaginar que o Mestre faça, diga ou pense.

Aos Pés do Mestre - DISCERNIMENTO - Parte VI

Por muito sábio que já sejas, muito terás ainda que aprender na Senda; tanto, que nela mesma precisarás discernir e meditar cuidadosamente o que deve ser aprendido. Todo o conhecimento é útil, e um dia o possuirás integralmente, enquanto, porém, só possuíres parte dele, cuida que essa seja a mais necessária. Deus tanto é Sabedoria como Amor e, quanto mais sábio fores, mais Ele se manifestará por teu intermédio. Estuda, pois, mas estuda em primeiro lugar o que mais te habilite a auxiliar os outros. Trabalha pacientemente nos teus estudos, não para que os homens te julguem sábio, nem mesmo para gozares da felicidade de seres sábio, mas porque o sábio pode ser sabiamente útil. Por muito que desejes prestar auxílio, enquanto fores ignorante, poderás fazer mais mal que bem.

Precisas de distinguir entre a verdade e a mentira; deves aprender a ser verdadeiro em tudo: no pensamento, na palavra e na acção. Primeiro no pensamento, e isso não é fácil, porque há no mundo muitos pensamentos falsos, muitas superstições insensatas, e ninguém que a eles se escravize poderá progredir. Por conseguinte, não deves acolher um pensamento simplesmente porque muitas pessoas o acolhem, nem por constar de algum livro que os homens julguem sagrado; deves pensar por ti mesmo sobre a questão e por ti mesmo ajuizar se ela é razoável. Lembra-te que, embora um milhar de homens concorde sobre um assunto, se nada conhecerem a seu respeito, a sua opinião não tem valor. Aquele que quiser caminhar na Senda tem de aprender a pensar por si mesmo, pois a superstição é um dos maiores males do mundo e um dos empecilhos de que, por ti próprio, te deves libertar inteiramente.

Aos Pés do Mestre - DISCERNIMENTO - Parte V

Entre o bem e o mal o Ocultismo não admite compromissos. Custe o que custar, deves fazer o bem e nunca o mal, diga ou pense o ignorante o que quiser. Estuda profundamente as leis ocultas da natureza e organiza a tua vida de acordo com elas, utilizando sempre a razão e o bom senso.

Deves discernir entre o que é importante e o não é. Firme como uma rocha em tudo o que concerne ao bem e ao mal, cede invariavelmente aos outros nas coisas de somenos importância. Pois deves ser sempre amável e bondoso, razoável e condescendente, deixando aos outros a mesma plena liberdade que para ti necessitas.

Procura verificar o que vale a pena ser feito e lembra-te de que as coisas não devem ser julgadas pela sua grandeza aparente. Uma pequena coisa de utilidade imediata à obra do Mestre merece muito mais ser feita que uma grande coisa que o mundo considere boa. Precisas de distinguir não somente o útil do menos útil. Alimentar os pobres é uma boa obra, nobre e válida; porém, alimentar-lhes as almas é ainda mais nobre e mais válido.

Aos Pés do Mestre - DISCERNIMENTO - Parte IV

O corpo astral tem os seus desejos – e tem-nos às dúzias; quererá ver-te encolerizado, ouvir-te dizer palavras ásperas, que sintas ciúmes, que invejes os bens alheios e cedas ao desânimo. Quererá todas essas coisas e muitas outras mais, não porque deseje prejudicar-te , mas porque lhe aprazem as vibrações violentas e gosta de mudá-las continuamente. Tu, porém, não desejas nenhuma dessas coisas; portanto, deves distinguir os teus desejos dos do teu corpo astral.

O teu corpo mental deseja manter-se orgulhosamente separado; quererá que penses muito em ti mesmo e pouco nos outros. Mesmo quando o tiveres desviado das coisas mundanas, tentará ainda especular acerca de ti pró+rio, fazer-te pensar no teu próprio progresso, em vez de pensares na obra do Mestre e em auxiliar os outros. Quando meditares, tentará fazer-te pensar nas diferentes coisas que ele quer, e não na única coisa que necessitas. Não és esse mental, mas dele dispões para o teu uso; assim, mesmo aqui, o discernimento é necessário. Deves vigiar incessantemente, sob pena de vires a falhar.

Aos Pés do Mestre - DISCERNIMENTO - Parte III

Quando há um trabalho a fazer, é quando o corpo físico quer descansar, passear, comer e beber; o homem que não sabe diz a si mesmo: “Eu quero fazer essas coisas e preciso de fazê-las”. Mas o homem que sabe diz: “Quem quer não sou eu; portanto que espere um pouco”. Quando existe a oportunidade de auxiliar alguém, o corpo insinua: “Que aborrecimento me trará isso; deixemos que outro qualquer tome o meu lugar”. Porém, o homem que sabe replica-lhe: “Tu não me impedirás de praticar uma boa acção”.

O corpo é o teu animal, o cavalo que montas. Deves, portanto, tratá-lo bem, cuidar bem dele, não estafá-lo, alimentá-lo convenientemente – só com alimentos e bebidas puras – e mantê-lo sempre perfeitamente limpo, sem o menor vestígio de impureza. Pois, sem um corpo perfeitamente limpo e saudável, não podes efectuar a árdua tarefa de preparação, nem suportar os incessantes esforços no decorrer dela. Deves, porém, ser sempre tu quem o domine, e não ele que te domine.

Aos Pés do Mestre - DISCERNIMENTO - Parte II

Se está ao lado de Deus, é um dos nossos, não tendo a mínima importância se ele se diz hinduísta, budista, cristão ou maometano, ou se é hindu, inglês, chinês ou russo. Os que estão ao lado de Deus sabem por que aí se acham, sabem o que têm a fazer e tentam cumpri-lo; todos os demais são sabem bem ainda o que têm a fazer e, por isso, agem frequentemente de modo insensato, imaginando caminhos para si próprios, os quais lhes parecem agradáveis, não compreendendo que todos são um e que, portanto, só aquilo que o Uno quer pode realmente ser agradável a todos. Seguem o irreal em vez do Real. E, enquanto não aprendem a distinguir entre ambos, não se colocam ao lado de Deus – e eis por que o discernimento é o primeiro passo a dar.

Todavia, mesmo depois de feita a escolha, deves lembrar-te de que no real e no irreal existem muitas variantes, e o discernimento ainda deve ser exercido entre o bem e o mal, entre o importante e o não-importante, entre o útil e o inútil, entre o verdadeiro e o falso, entre o egoísta e o desinteressado.

Entre o bem e o mal não deveria ser difícil escolher, pois os que desejam seguir o Mestre já se decidiram a seguir o bem a todo o custo. Porém, o homem e o seu corpo são dois, e a vontade do homem nem sempre está de acordo com a do corpo. Quando o teu corpo desejar alguma coisa, pára e considera se tu realmente desejas isso. Pois tu és Deus e só queres o que Deus quer; necessitas, porém, de penetrar fundo em ti mesmo, para encontrares Deus no teu interior e ouvires a Sua voz que é a tua. Não confundas os teus corpos contigo mesmo, nem o teu corpo físico, nem o astral, nem o mental. Cada um deles pretende ser o Ego, a fim de obter o que deseja. Precisas, porém, de conhecê-los a todos, e conhecer-te a ti mesmo como o seu possuidor.

Aos Pés do Mestre - DISCERNIMENTO - Parte I

A primeira dessas qualidades é o discernimento, vulgarmente tomado no sentido da distinção entre o real e o irreal, que conduz o homem para a Senda. É isso; mas é muito mais ainda e deve ser praticado – não somente no começo da Senda, porém a cada passo que nela diariamente se dá, até ao fim. Entras para a Senda porque aprendeste que somente nela se podem encontrar as coisas dignas de aquisição. Os homens que não sabem trabalham para adquirir a riqueza e o poder, porém esses bens são, quando muito, para uma vida somente e, portanto irreais. Há coisas maiores do que essas – coisas reais e duradouras; quando as tiveres visto, não mais desejarás as outras.

Em todo o mundo há somente duas espécies de pessoas – as que sabem e as que não sabem -, e o conhecimento é o que importa possuir. A religião de um homem e a raça a que pertence não são coisas de importância; o que é realmente importante é o conhecimento, o conhecimento do Plano de Deus para os homens. Pois Deus tem um plano e esse plano é a Evolução; quando o homem tiver visto esse plano e realmente o conhecer, não poderá de deixar de cooperar nele, integrando-se nele, tal a sua glória e beleza. Assim, pelo facto de possuir o conhecimento, o homem está ao lado de Deus, firme no bem e resistente ao mal, trabalhando pela evolução sem fins pessoais.

Aos Pés do Mestre - Prefácio


de Krishnamurti (Alcione)Aos que batem…

Das trevas conduz-me à Luz
Do irreal conduz-me ao Real
Da morte conduz-me à Imortalidade


Prefácio

Minhas não são estas palavras, e sim do Mestre que me instruiu. Sem Ele nada poderia ter feito, porém, com o Seu auxílio comecei a trilhar a Senda. Tu também desejas entrar na mesma Senda; por isso, as palavras que Ele me dirigiu auxiliar-te-ão, se obedeceres a elas.

Não basta dizer que são verdadeiras e belas; o homem que deseja obter êxito necessita de fazer exactamente o que lhe é ensinado. Olhar para o alimento e dizer que é bom não satisfaz um faminto; é necessário que ele estenda a mão e o coma. Da mesma forma, não basta ouvir as palavras do Mestre; é preciso fazer o que Ele diz, atento à menor palavra, ao menor sinal, pois, se uma indicação não for seguida, se uma palavra for desprezada, perdidas ficarão para sempre, porque o Mestre não fala duas vezes.

Quatro são as qualidades necessárias para a Senda:
ï discernimento
ï ausência de desejos (desapego, abnegação)
ï boa conduta
ï amor

Tentarei dizer-te o que o Mestre me ensinou sobre cada uma delas.

sexta-feira, outubro 06, 2006

ler....

 Ler é entrar no Mundo
É reconhecer vidas,
Caminhos percorridos
Encontros,
Desilusões
E esperança.

É sentir
De outra forma.
É tocar o íntimo
Vivendo uma vida
Possível.
É experimentar
O Outro
de forma intensa
e plena.

Ler
É de descobrir
o trilho
que nos leva
ao retorno interior.