terça-feira, novembro 14, 2006

Aos Pés do Mestre - AMOR - Parte V


A superstição é outro grande mal, que tem causado muitas e terríveis crueldades. O homem que é seu escravo desdenha aqueles que são mais sábios e tenta fazê-los agir do mesmo modo. Pensa nos horrendos massacres produzidos pela superstição que aconselha o sacrifício de animais e pelo ainda mais cruel preconceito de que o homem necessita de carne para alimentar-se. pensa nos maus-tratos que a superstição tem criado para as classes oprimidas da nossa bem-amada Índia, e verifica por aí quanto essa má qualidade pode originar da crueldade cobarde, mesmo entre os que conhecem o dever de ser fraternal. Os homens cometeram muitos crimes em nome do Deus do Amor, movidos pelo pesadelo da superstição; cuida, pois, muito para que dela não reste em ti o menor vestígio.

Esses três grandes crimes deves evitar, pois são fatais a todo o progresso, por serem pecados contra o Amor. Não basta, porém, refrear o mal; é preciso ser activo no bem. Deves encher-te tanto do intenso desejo pela formação desse hábito de serviço, que estejas sempre vigilante para prestá-lo em torno de ti – não somente aos homens, como também aos animais e às plantas. Deves prestá-lo nas pequenas coisas, cada dia, a fim de que não percas as raras oportunidades em que se te apresentem grandes coisas para fazeres. Pois, se anseias unir-te a Deus, não é por amor a ti próprio, mas para que possas ser um canal através do qual o Seu amor flua aos homens, teus irmão.

Aquele que está na Senda não existe para si mesmo; mas para os outros; esquece a si próprio para poder servi-los. Ele é como uma pena na mão de Deus, através da qual o Seu pensamento flui e pode encontrar neste mundo uma expressão que, sem esse instrumento, não poderia ter. É ao mesmo tempo uma coluna de fogo vivo a irradiar sobre o mundo o Amor Divino que lhe enche o coração.

A Sabedoria que torna capaz de ajudar, a Vontade que dirige a Sabedoria, o Amor que inspira a Vontade – tais são as qualidades requeridas. Sabedoria, Vontade e Amor são os três aspectos do Logos; e tu, que desejas alistar-te ao Seu serviço, deves expressar esses três aspectos no mundo.

Aos Pés do Mestre - AMOR - Parte IV

Sei que não farás essas coisas; e, por amor de Deus, quando a oportunidade se oferecer, falarás abertamente contra ela. Porém, existe a crueldade na palavra, da mesma forma que nos actos, e um homem que diz algo com a intenção de ferir a outrem é passível desse crime. Isso também não farás; porém, às vezes, uma palavra impensada faz tanto mal como se fosse malévola. Deves, pois, estar de sobreaviso contra a crueldade irreflectida.

Ela origina-se comummente da irreflexão. Um homem cheio de avareza e cobiça não pensa jamais nos sofrimentos que causa aos outros, pagando-lhes pouco e deixando meio famintos a mulher e os filhos destes. Outro pensa apenas nos seus desejos luxuriosos, pouco se importando com os corpos e as Almas que arruína para a sua satisfação. Outro, somente para poupar-se a uns minutos de incómodo, não paga aos seus operários no dia designado, sem pensar nas dificuldades que lhes origina. Muito sofrimento pode, pois, ser causado pela irreflexão – pelo olvido de pensar sobre o modo pelo qual uma acção afecta os outros. Porém, o karma não esquece nunca e não leva em conta o esquecimento dos homens. Se desejas entrar na Senda, deves pensar nas consequências das tuas acções a fim de não incidires na crueldade irreflectida.

Aos Pés do Mestre - AMOR - Parte III

Não contente de ter feito todo esse mal a si próprio e à sua vítima, o maledicente tenta, com todas as suas forças, fazer os outros participantes do seu crime. Conta prontamente a perversa história, na esperança de que o acreditem; e então juntam-se todos a enviar maus pensamentos ao pobre paciente. Isto repete-se dia a dia, e é feito não por um homem, mas por milhares. Começas a ver quão terrível é esse pecado? Deves evitá-lo por completo. Nunca fales mal de ninguém; recusa ouvir o mal que te disserem dos outros e suavemente observa: “Talvez não seja verdade e, mesmo que seja, é mais caridoso não falarmos nisso”.

Quanto à crueldade, pode ser de duas espécies: intencional e não-intencional. A crueldade intencional consiste em causar dano a um ser vivo, de ânimo deliberado; esse é o maior de todos os pecados – próprios antes de um demónio do que de um homem. Dirás que nenhum homem cometeria tal crime; porém, os homens cometeram-no muitas vezes e ainda o cometem diariamente. Praticaram-nos os inquisidores; foi praticado por muitas pessoas religiosas em nome da sua religião. Os vivissectores praticam-no; muitos professores praticam-no habitualmente. Todas essas pessoas procuram desculpar a sua brutalidade dizendo que é costume; um crime não deixa de sê-lo porque muitas pessoas o cometem. O karma não leva em conta o costume, e o karma da crueldade é, de todos, o mais terrível. Na Índia, pelo menos, não há desculpa para tais hábitos, pois o dever de não fazer mal é bem conhecido de todos. A sorte reservada ao cruel incide também sobre todos os que intencionalmente matam criaturas de Deus, sob pretexto de desportos.

Aos Pés do Mestre - AMOR - Parte II

Observa os efeitos da maledicência, e este em si mesmo já é um crime, pois, em tudo e em todos existe o bem, em tudo e em todos existe o mal. Podemos reforçar qualquer deles pelo pensamento, e desse modo ajudar ou embaraçar a evolução; podemos fazer a vontade do Logos ou resistir-lhe. Se pensares no mal que existe noutrem, cometes ao mesmo tempo três más acções:

1º - Enches o teu ambiente de maus em vez de bons pensamentos, aumentando, assim, a tristeza do mundo.

2º - Se nesse homem existir o mal que supões, fortificas e alimentas esse mal e, assim, tornas pior o teu irmão, em vez de melhorá-lo. Porém, geralmente o mal não existe nele, mas é apenas um produto da tua fantasia; e então o teu pensamento tentará o teu irmão à prática do mal, pois, se ele ainda não for perfeito, poderás torná-lo tal qual o imaginas.

3º - Saturas a tua mente de maus em vez de bons pensamentos; embaraças, assim, o teu próprio crescimento, tornando-te, aos olhos dos que podem ver, um objecto feio e penoso, em lugar de belo e atraente.

Aos Pés do Mestre - AMOR - Parte I

De todas as qualidades, o Amor é a mais importante, pois, sendo bastante forte num homem, obriga-lhe a aquisição de todas as demais qualidades, que não bastariam sem o Amor. É frequentemente expresso como um intenso desejo de se libertar da roda dos nascimentos e das mortes e de se unir a Deus. Entendê-lo, porém, desse modo, denota egoísmo e abrange apenas uma parte da sua significação. Não é tanto o desejo, como a vontade, a resolução, a determinação. Para produzir os seus resultados, essa resolução deve encher de tal modo toda a tua natureza que não deixe lugar para qualquer outro sentimento. É, na verdade, a vontade de ser uno com Deus, não para escapares à fadiga e ao sofrimento, mas para que, pelo teu profundo amor por Ele, possas agir com Ele. E porque Ele é Amor, tu, se quiseres unir-te a Ele, deves encher-te de profundo desinteresse e de amor.

Na vida diária isso implica duas coisas: em primeiro lugar, ter o cuidado de não fazer mal a nenhum ser vivo e, em segundo, vigiar as oportunidades de prestar auxílio.

Primeiro, não fazer mal. Três pecados acarretam o maior dano do que todos os outros no mundo – a maledicência, a crueldade e a superstição – por serem pecados contra o Amor. O homem que quiser encher o seu coração do amor de Deus deve estar incessantemente precavido contra a prática desses três pecados.

Aos Pés do Mestre - Boa Conduta - Parte VII

Confiança
Deves confiar no teu Mestre e ter confiança própria. Se já viste o Mestre, n’Ele confiarás plenamente, através de muitas vidas e mortes. Se ainda não O viste, deves tentar averiguar a Sua existência e confiar n’Ele, porque, se não o fizeres, nem mesmo Ele poderá ajudar-te. Sem a perfeita confiança, não poderá haver a perfeita efusão de amor e poder.

Necessitas de confiar em ti mesmo. Dizes que te conheces muito bem? Se assim pensas, não te conheces – conheces apenas o débil envoltório externo que frequentemente tem caído na lama. Porém, tu – o Eu real – és uma centelha do Fogo Divino, e Deus, que é Todo-Poderoso, está em ti e, por esses motivo, nada existe que não possas fazer, se o quiseres. Diz a ti mesmo: “O que o homem fez, o homem pode fazer. Eu sou um homem, porém, sou também o Deus que está no homem; eu posso fazer isso e quero fazê-lo”. Pois se quiseres trilhar a Senda, a tua vontade deve ser como aço de boa têmpera.

Aos Pés do Mestre - Boa Conduta - Parte VI

Perseverança
A única coisa que deves manter sempre presente na tua mente é o trabalho do Mestre. Qualquer outra coisa que surja no teu caminho não te deve fazer esquecê-lo. Na verdade, nenhuma outra coisa poderá surgir diante de ti, pois todo o trabalho útil e desinteressado é trabalho do Mestre, e tu deves executá-lo por amor a Ele. E precisas de dedicar-lhe toda a tua atenção a fim de fazê-lo do melhor modo possível. O mesmo Instrutor escreveu também:”O que quer que faças fá-lo de boa vontade, como se fosse para o Senhor e não para os homens”. Pensa como executarias um trabalho se soubesses que o Mestre viria vê-lo imediatamente; é justamente nessas condições que deves executar tudo. Aqueles que sabem melhor compreenderão o significado desse versículo. Há outro versículo semelhante, porém muito mais antigo: “Em tudo o que a tua mão fizer, aplica toda a tua força”.

A perseverança significa também que nada deverá afastar-te, por um momento sequer, da Senda em que entraste. Nem tentações, nem os prazeres do mundo, nem as afeições mundanas devem jamais desviar-te. Pois tu mesmo deves unificar-te com a Senda, ela deve tornar-se de tal modo parte da tua própria natureza, que a percorras sem nisso teres de pensar e sem te desviares. Tu, a Mónada, assim o decidiste; separaste-te da Senda equivaleria a separares-te de ti mesmo.

Aos Pés do Mestre - Boa Conduta - Parte V

Contentamento

Deves suportar o teu Karma alegremente, qualquer que seja ele, tendo o sofrimento como uma honra, pois demonstra que os Senhores do Karma te acham dignos de auxílio. Por muito duro que ele seja, mostra-te agradecido por não ser ainda pior. Lembra-te que de muito pouca utilidade serás para o Mestre enquanto o teu mau karma não for esgotado e dele não estiveres livre. Oferecendo-te a Ele, pediste que o teu Karma fosse apressado e, assim, numa ou duas vidas esgotas o que, de outro modo, exigiria uma centena delas. Para maior proveito, porém, deves suportá-lo alegremente.

Há outro ponto de importância: abandona todo o sentimento de posse. O karma pode arrebatar-te aquilo de que mais gostas, mesmo as pessoas que mais amas. Ainda assim deves ficar contente, pronto a separar-te de tudo e de todos. O Mestre necessita frequentemente de transmitir a Sua força a outros por intermédio do Seu servo, mas não poderá fazê-lo se o servo ceder ao desânimo. Por isso, o contentamento é indispensável.

Aos Pés do Mestre - Boa Conduta - Parte IV

Tolerância
Deves sentir perfeita tolerância por todos, e um sincero interesse pelas crenças dos de outra religião, tanto quanto pelas tuas próprias. Pois a religião dos outros é um Caminho para o Supremo, da mesma forma que a tua. E para auxiliar a todos é preciso tudo compreender.

Mas a fim de alcançar essa perfeita tolerância, deves tu próprio, em primeiro lugar, libertar-te da superstição e da beatice. Precisas de aprender que não há cerimónias indispensáveis; de outro modo te suporias um pouco melhor do que aqueles que não as cumprem. Não condenes, porém, os que ainda se apegam às cerimónias. Deixa-os fazer o que lhes aprouver, contanto que não se intrometam no que concerne a ti, que conheces a verdade, pois não devem tentar forçar-te ao que já ultrapassaste. Sê indulgente com todos; sê benévolo em tudo.

Agora que os teus olhos foram abertos, algumas das tuas antigas crenças e cerimónias podem parecer-te absurdas; talvez, na realidade, o sejam. Apesar de não poderes mais tomar parte nelas, respeita-as por amor às boas almas para quem elas são ainda importantes. Têm o seu lugar e utilidade; assemelham-se às duplas linhas que, quando criança, te guiavam para escreveres em linha recta na mesma altura, até que aprendeste a escrever muito melhor e mais livremente sem elas. Houve um tempo em que necessitaste delas; esse tempo, porém, já passou.

Um grande Instrutor escreveu certa vez: “Quando eu era criança, falava como criança, entendia como criança; porém, quando me tornei homem, abandonei os meus modos infantis”. No entanto, aquele que esqueceu a sua infância e perdeu a simpatia pelas crianças não é o homem que as possa instruir e ajudar. Assim, olha para todos bondosamente, gentilmente, tolerantemente; porém, a todos da mesma forma, quer sejam budistas, jainistas, judeus, cristãos ou maometanos.

Aos Pés do Mestre - Boa Conduta - Parte III

Domínio da Acção
Se o teu pensamento for o que deve ser, encontrarás pouca dificuldade no domínio da acção. Lembra-te que, para ser útil à humanidade, o pensamento deve traduzir-se em acção. Nada de indolência, mas uma constante actividade no trabalho útil. Deves, porém, cumprir o teu próprio dever e não o de outrem, a não ser com a sua devida permissão e sempre no intuito de ajudá-lo. Deixa que cada um execute o seu trabalho a seu modo; mantém-te sempre pronto a oferecer auxílio onde for necessário, porém, nunca te intrometas. Para muita gente, a coisa mais difícil deste mundo é aprender a ocupar-se dos seus próprios negócios, porém, é exactamente isso o que deves fazer.

Pelo facto de empreenderes um trabalho de ordem superior, não deves esquecer os teus deveres comuns, pois enquanto não os cumprires não estarás livre para outro maior. Não tomes sobre ti novos deveres para com o mundo; porém, desincumbe-te perfeitamente daquele de que já te encarregaste – os deveres definidos e razoáveis que tu próprio reconheces como tais, e não os deveres imaginários que porventura alguém pretenda impor-te. Se queres pertencer ao Mestre, deves executar o teu trabalho comum melhor e não pior do que os outros, porque deves fazer também isso por amor a Ele.

Aos Pés do Mestre - Boa Conduta - Parte II

Domínio da mente

A qualidade da ausência de desejos mostra que o corpo astral precisa de ser dominado, e o mesmo acontece em relação ao corpo mental. Isso significa domínio do temperamento, de modo a não poderes sentir cólera ou impaciência; domínio da própria mente, a fim de que o teu pensamento seja sempre calmo e sereno; e, por intermédio da mente, domínio dos nervos, a fim de que sejam o menos irritáveis possível. Este último objectivo é difícil de atingir, porque quanto tentas preparar-te para a Senda, não podes deixar de tornar o teu corpo mais sensível; de sorte que os teus nervos podem ser facilmente estremecidos por um som ou choque, e sentir de modo agudo qualquer pressão. Faz, porém, o melhor que te for possível.

Mente calma implica também coragem e firmeza: coragem para afrontares sem medo as provas e dificuldades da Senda, e firmeza para suportares as pequenas perturbações inerentes à vida diária e evitares os aborrecimentos incessantes, oriundos de pequenas coisas em que muita gente consome a maior parte do seu tempo. O Mestre ensina que não tem a menor importância o que aconteça exteriormente ao homem: tristezas, perturbações, doenças e perdas devem ser nada para ele, e não deve permitir que lhe afectem a calma do mental. São resultado das acções passadas e, quando chegam, cabe-te suportá-las alegremente, com a lembrança de que todo o mal é transitório, e de que é teu dever permanecer sempre contente e sereno. Pertencem às tuas vidas anteriores e não a esta; não poderás alterá-las; portanto, é inútil que te preocupes com elas. Pensa antes no que estás a fazer agora, e que determinará os acontecimentos da tua próxima vida, pois essa podes modificar.

Nunca cedas à tristeza nem ao desânimo. O desânimo é mau, porque contamina os outros e torna a vida deles mais difícil, o que não tens o direito de fazer. Portanto, sempre que venha a ti, deves repeli-lo imediatamente.

Deves, ainda dominar o teu pensamento de outro modo: não o deixes vaguear. Fixa o teu pensamento no que estiveres a fazer, a fim de que seja feito com perfeição. Não deixes a tua mente ociosa, porém mantém sempre nela bons pensamentos em reserva, prontos a avançar quando ela estiver livre.

Emprega diariamente o poder do teu pensamento em bons propósitos; sê uma força orientada para a evolução. Pensa cada dia em alguém que saibas estar imerso na tristeza e no sofrimento, ou a necessitar de auxílio, e derrama sobre ele os teus pensamentos de amor.

Preserva a tua mente do orgulho, porque este provém somente da ignorância. O homem que não sabe pensa ser grande por ter feito alguma grande coisa; mas o sábio compreende que só Deus é grande e que toda a boa obra é feita só por Ele.

Aos Pés do Mestre - Boa Conduta - Parte I

Os seis pontos sobre a conduta, especialmente exigidos pelo Mestre são:
- domínio da mente
- domínio da acção
- tolerância
- contentamento
- perseverança (unidade de direcção para o fim visado)
- confiança
(Sei que algumas destas qualidades são frequentemente expressas de modo diferente; em todo o caso dou-lhes as designações que o próprio Mestre empregou ao explicá-las.)

quinta-feira, novembro 02, 2006