sábado, outubro 28, 2006

Aos Pés do Mestre - AUSÊNCIA de DESEJO - Parte IV

Se julgas que alguém está a agir mal e encontras uma oportunidade de lho dizer em particular e muito delicadamente, porque assim pensas, talvez consigas convencê-lo; porém, em muitos casos, isso não passaria de uma interferência indébita. De modo algum deverás murmurar com uma terceira pessoa sobre o assunto, pois isso seria uma acção extremamente nociva.

Se observares um caso de crueldade para com uma criança ou um animal, é teu dever intervir. Se vires alguém a violar as leis do país, deves informar as autoridades. Se estiveres incumbido de instruir outra pessoa, pode tornar-se teu dever adverti-la suavemente das suas falhas. À excepção de tais casos, ocupa-te dos teus próprios afazeres e aprende a virtude do silêncio.

Aos Pés do Mestre - AUSÊNCIA de DESEJO - Parte III

Deves precaver-te, também contra certos pequenos desejos, comuns da vida diária. Nunca desejes sobressair nem parecer instruído. Não desejes falar. É bom falar pouco; melhor ainda é nada dizer, a não ser que estejas seguro de que o que pretendes dizer é verdadeiro, amável e útil. Antes de falar, reflecte cuidadosamente se o que pretendes dizer preenche essas três qualidades; caso contrário, não o digas.

É bom que te habitues a reflectir cuidadosamente antes de falar, pois, quando alcançares a Iniciação, terás de vigiar cada palavra a fim de não dizeres o que não deve ser dito. Muitas das conversações habituais são desnecessárias e insensatas; e, quando descem à maledicência, tornam-se perversas. Assim, acostuma-te antes a ouvir do que a falar; não emitas opinião senão quando directamente solicitada. Um enunciado das qualidades requeridas é assim formulado: saber, ousar, querer e calar, e a última das quatro é a mais difícil de todas.

Um desejo vulgar que deves severamente reprimir é o de te imiscuíres nos negócios de outrem. O que um homem faz, diz ou crê não é da tua conta, e precisas de aprender a deixá-lo absolutamente entregue a si próprio. Ele tem pleno direito à liberdade de pensamento, palavra e acção, até ao ponto em que não interfira no que concerne a outrem. Tu próprio reclamas a liberdade de fazer o que julgas bom; deves outorgar a mesma liberdade aos outros e, quando a usarem, não tens o direito de recriminá-los por isso.

Aos Pés do Mestre - AUSÊNCIA de DESEJO - Parte II

Quando tiverem desaparecido todos os desejos pessoais, poderá ainda restar o de apreciares o resultado do teu trabalho. Se auxiliares alguém, quererás ver até que ponto o tens ajudado; talvez queiras mesmo que ele também o reconheça e se mostre grato a ti. Isso, porém, é ainda o desejo, além de uma falta de confiança. Quando aplicas a tua energia em auxiliar alguém, advirá daí um resultado, quer possas vê-lo, quer não; se conheces a Lei, sabes que deve ser assim. Precisas, pois, de fazer o bem por amor ao bem, e não com a esperança da recompensa. Trabalha por amor ao trabalho, e não para ver o resultado; deves entregar-te ao serviço do mundo porque o amas e não podes deixar de fazê-lo.

Não desejes os poderes psíquicos; eles virão quando o Mestre achar que melhor será possuí-los. Forçá-los muito cedo traz consigo diversas perturbações; o seu possuidor é frequentemente desencaminhado por falazes espíritos da natureza ou então torna-se vaidoso e julga-se isento de cair em erro. Em todo o caso, o tempo e a força necessários para adquiri-los poderiam ser gastos a trabalhar para os outros. Eles virão no decurso do teu desenvolvimento – porque devem vir; e, se o Mestre entender que te será útil possuí-los mais cedo, ensinar-te-á como desenvolvê-los com segurança. Até então, melhor será que não os possuas.

Aos Pés do Mestre - AUSÊNCIA de DESEJO - Parte I

Há muitas pessoas para as quais a qualidade de ausência de desejos (abnegação, desapego) é difícil, por pensarem que os seus desejos são elas próprias e que, se esses desejos peculiares, simpatias e antipatias lhes forem tirados, nada mais lhes restará. Essas, porém, são somente as que ainda não viram o Mestre; à luz da Sua Santa Presença todo o desejo sucumbe, excepto o de se assemelhar a Ele. No entanto, antes mesmo de teres a ventura de encontrá-lO face a face, podes conquistar a ausência de desejos, se o quiseres. O discernimento já te demonstrou que as coisas mais desejadas pelos homens, tais como a riqueza e o poder, não merecem o trabalho de serem possuídas; quando isso realmente é sentido, e não apenas enunciado, cessa todo o desejo por elas.

Tudo isso é simples; necessitas apenas de compreender. Há, porém, algumas pessoas que se recusam a prosseguir em objectivos terrenos somente no intuito de alcançar o céu, ou para atingir a libertação pessoal dos renascimentos. Não deves cair nesse erro. Se te esqueceste por completo de ti mesmo, não podes preocupar-te com a época da libertação do teu ego ou com a espécie de céu que lhe caberá. Lembra-te de que todo o desejo egoísta é um liame e, por muito elevado que seja o seu objectivo, enquanto dele não te desembaraçares, não estarás totalmente livre para te entregares à obra do Mestre.

quinta-feira, outubro 26, 2006

Aos Pés do Mestre - DISCERNIMENTO - Parte VIII

Deves também ser verdadeiro no falar, exacto e sem exageros. Nunca atribuas más intenções a outrem; somente o seu Mestre lhe conhece os pensamentos, e bem pode estar a agir por motivos que nunca penetraram a tua mente. Se ouvires uma narrativa contra alguém, não a repitas; pode não ser verdadeira e, ainda que o seja, é mais bondoso nada dizer. Pensa bem antes de falar, a fim de não caíres em inexactidões.

Sê verdadeiro na acção, nunca pretendas parecer senão aquilo que és, pois todo o fingimento constitui um obstáculo à pura luz da verdade, que deve brilhar através de ti como a luz do Sol através de um vidro transparente.

Precisas de discernir entre o altruísmo e o egoísmo; este último reveste muitas formas e, quando pensas tê-lo finalmente morto numa delas, surge noutra tão forte como sempre. Porém, o pensamento de auxiliar os outros encher-te-á gradualmente de tal modo que não haverá lugar nem tempo para pensares em ti próprio.

Deves ainda utilizar o discernimento de outra forma: aprende a distinguir Deus, que está em todos e em tudo, por pior que seja a sua aparência exterior. Podes ajudar o teu irmão pelo que tens em comum com ele – a Vida Divina. Aprende a despertar nele essa Vida, aprende a invocá-la nele, assim o salvarás do mal.

Aos Pés do Mestre - DISCERNIMENTO - Parte VII

O teu pensamento acerca dos outros deve ser verdadeiro; não penses a seu respeito aquilo que não saibas. Não suponhas que os outros estejam sempre a pensar em ti. Se um homem faz alguma coisa que julgas poder prejudicar-te, ou diz algo que parece ser-te dirigido, não suponhas imediatamente: “Ele pretende ofender-me”. O mais provável é que nunca pense em ti, pois cada alma tem as suas próprias preocupações, e os seus pensamentos não giram, a maioria das vezes, em torno senão de si própria. Se um homem te falar colericamente, não penses: “Ele odeia-me e quer ferir-me”. Provavelmente alguém ou alguma coisa encolerizou-o e, acontecendo encontrar-te, voltou a sua cólera sobre ti. Procede insensatamente, pois toda a cólera é insensata, mas nem por isso deves pensar falsamente a seu respeito.

Quando te tornares discípulo do Mestre, poderás sempre averiguar a veracidade do teu pensamento cotejando-o com o d’Ele. Pois o discípulo é um com o seu Mestre, e basta-lhe fazer retroceder o seu pensamento até o d’Ele para verificar se ambos estão de acordo. Se assim não for, o pensamento do discípulo é erróneo, e ele deve modificá-lo instantaneamente, pois o pensamento do Mestre é perfeito, visto que Ele tudo sabe. Aqueles que por Ele ainda não forem aceites não podem fazer isso perfeitamente; porém, serão bastante ajudados se se detiverem frequentemente a perguntar: “O que pensaria o Mestre a esse respeito? Que faria ou diria Ele em tais circunstâncias?” pois nunca deves fazer, dizer ou pensar o que não possas imaginar que o Mestre faça, diga ou pense.

Aos Pés do Mestre - DISCERNIMENTO - Parte VI

Por muito sábio que já sejas, muito terás ainda que aprender na Senda; tanto, que nela mesma precisarás discernir e meditar cuidadosamente o que deve ser aprendido. Todo o conhecimento é útil, e um dia o possuirás integralmente, enquanto, porém, só possuíres parte dele, cuida que essa seja a mais necessária. Deus tanto é Sabedoria como Amor e, quanto mais sábio fores, mais Ele se manifestará por teu intermédio. Estuda, pois, mas estuda em primeiro lugar o que mais te habilite a auxiliar os outros. Trabalha pacientemente nos teus estudos, não para que os homens te julguem sábio, nem mesmo para gozares da felicidade de seres sábio, mas porque o sábio pode ser sabiamente útil. Por muito que desejes prestar auxílio, enquanto fores ignorante, poderás fazer mais mal que bem.

Precisas de distinguir entre a verdade e a mentira; deves aprender a ser verdadeiro em tudo: no pensamento, na palavra e na acção. Primeiro no pensamento, e isso não é fácil, porque há no mundo muitos pensamentos falsos, muitas superstições insensatas, e ninguém que a eles se escravize poderá progredir. Por conseguinte, não deves acolher um pensamento simplesmente porque muitas pessoas o acolhem, nem por constar de algum livro que os homens julguem sagrado; deves pensar por ti mesmo sobre a questão e por ti mesmo ajuizar se ela é razoável. Lembra-te que, embora um milhar de homens concorde sobre um assunto, se nada conhecerem a seu respeito, a sua opinião não tem valor. Aquele que quiser caminhar na Senda tem de aprender a pensar por si mesmo, pois a superstição é um dos maiores males do mundo e um dos empecilhos de que, por ti próprio, te deves libertar inteiramente.

Aos Pés do Mestre - DISCERNIMENTO - Parte V

Entre o bem e o mal o Ocultismo não admite compromissos. Custe o que custar, deves fazer o bem e nunca o mal, diga ou pense o ignorante o que quiser. Estuda profundamente as leis ocultas da natureza e organiza a tua vida de acordo com elas, utilizando sempre a razão e o bom senso.

Deves discernir entre o que é importante e o não é. Firme como uma rocha em tudo o que concerne ao bem e ao mal, cede invariavelmente aos outros nas coisas de somenos importância. Pois deves ser sempre amável e bondoso, razoável e condescendente, deixando aos outros a mesma plena liberdade que para ti necessitas.

Procura verificar o que vale a pena ser feito e lembra-te de que as coisas não devem ser julgadas pela sua grandeza aparente. Uma pequena coisa de utilidade imediata à obra do Mestre merece muito mais ser feita que uma grande coisa que o mundo considere boa. Precisas de distinguir não somente o útil do menos útil. Alimentar os pobres é uma boa obra, nobre e válida; porém, alimentar-lhes as almas é ainda mais nobre e mais válido.

Aos Pés do Mestre - DISCERNIMENTO - Parte IV

O corpo astral tem os seus desejos – e tem-nos às dúzias; quererá ver-te encolerizado, ouvir-te dizer palavras ásperas, que sintas ciúmes, que invejes os bens alheios e cedas ao desânimo. Quererá todas essas coisas e muitas outras mais, não porque deseje prejudicar-te , mas porque lhe aprazem as vibrações violentas e gosta de mudá-las continuamente. Tu, porém, não desejas nenhuma dessas coisas; portanto, deves distinguir os teus desejos dos do teu corpo astral.

O teu corpo mental deseja manter-se orgulhosamente separado; quererá que penses muito em ti mesmo e pouco nos outros. Mesmo quando o tiveres desviado das coisas mundanas, tentará ainda especular acerca de ti pró+rio, fazer-te pensar no teu próprio progresso, em vez de pensares na obra do Mestre e em auxiliar os outros. Quando meditares, tentará fazer-te pensar nas diferentes coisas que ele quer, e não na única coisa que necessitas. Não és esse mental, mas dele dispões para o teu uso; assim, mesmo aqui, o discernimento é necessário. Deves vigiar incessantemente, sob pena de vires a falhar.

Aos Pés do Mestre - DISCERNIMENTO - Parte III

Quando há um trabalho a fazer, é quando o corpo físico quer descansar, passear, comer e beber; o homem que não sabe diz a si mesmo: “Eu quero fazer essas coisas e preciso de fazê-las”. Mas o homem que sabe diz: “Quem quer não sou eu; portanto que espere um pouco”. Quando existe a oportunidade de auxiliar alguém, o corpo insinua: “Que aborrecimento me trará isso; deixemos que outro qualquer tome o meu lugar”. Porém, o homem que sabe replica-lhe: “Tu não me impedirás de praticar uma boa acção”.

O corpo é o teu animal, o cavalo que montas. Deves, portanto, tratá-lo bem, cuidar bem dele, não estafá-lo, alimentá-lo convenientemente – só com alimentos e bebidas puras – e mantê-lo sempre perfeitamente limpo, sem o menor vestígio de impureza. Pois, sem um corpo perfeitamente limpo e saudável, não podes efectuar a árdua tarefa de preparação, nem suportar os incessantes esforços no decorrer dela. Deves, porém, ser sempre tu quem o domine, e não ele que te domine.

Aos Pés do Mestre - DISCERNIMENTO - Parte II

Se está ao lado de Deus, é um dos nossos, não tendo a mínima importância se ele se diz hinduísta, budista, cristão ou maometano, ou se é hindu, inglês, chinês ou russo. Os que estão ao lado de Deus sabem por que aí se acham, sabem o que têm a fazer e tentam cumpri-lo; todos os demais são sabem bem ainda o que têm a fazer e, por isso, agem frequentemente de modo insensato, imaginando caminhos para si próprios, os quais lhes parecem agradáveis, não compreendendo que todos são um e que, portanto, só aquilo que o Uno quer pode realmente ser agradável a todos. Seguem o irreal em vez do Real. E, enquanto não aprendem a distinguir entre ambos, não se colocam ao lado de Deus – e eis por que o discernimento é o primeiro passo a dar.

Todavia, mesmo depois de feita a escolha, deves lembrar-te de que no real e no irreal existem muitas variantes, e o discernimento ainda deve ser exercido entre o bem e o mal, entre o importante e o não-importante, entre o útil e o inútil, entre o verdadeiro e o falso, entre o egoísta e o desinteressado.

Entre o bem e o mal não deveria ser difícil escolher, pois os que desejam seguir o Mestre já se decidiram a seguir o bem a todo o custo. Porém, o homem e o seu corpo são dois, e a vontade do homem nem sempre está de acordo com a do corpo. Quando o teu corpo desejar alguma coisa, pára e considera se tu realmente desejas isso. Pois tu és Deus e só queres o que Deus quer; necessitas, porém, de penetrar fundo em ti mesmo, para encontrares Deus no teu interior e ouvires a Sua voz que é a tua. Não confundas os teus corpos contigo mesmo, nem o teu corpo físico, nem o astral, nem o mental. Cada um deles pretende ser o Ego, a fim de obter o que deseja. Precisas, porém, de conhecê-los a todos, e conhecer-te a ti mesmo como o seu possuidor.

Aos Pés do Mestre - DISCERNIMENTO - Parte I

A primeira dessas qualidades é o discernimento, vulgarmente tomado no sentido da distinção entre o real e o irreal, que conduz o homem para a Senda. É isso; mas é muito mais ainda e deve ser praticado – não somente no começo da Senda, porém a cada passo que nela diariamente se dá, até ao fim. Entras para a Senda porque aprendeste que somente nela se podem encontrar as coisas dignas de aquisição. Os homens que não sabem trabalham para adquirir a riqueza e o poder, porém esses bens são, quando muito, para uma vida somente e, portanto irreais. Há coisas maiores do que essas – coisas reais e duradouras; quando as tiveres visto, não mais desejarás as outras.

Em todo o mundo há somente duas espécies de pessoas – as que sabem e as que não sabem -, e o conhecimento é o que importa possuir. A religião de um homem e a raça a que pertence não são coisas de importância; o que é realmente importante é o conhecimento, o conhecimento do Plano de Deus para os homens. Pois Deus tem um plano e esse plano é a Evolução; quando o homem tiver visto esse plano e realmente o conhecer, não poderá de deixar de cooperar nele, integrando-se nele, tal a sua glória e beleza. Assim, pelo facto de possuir o conhecimento, o homem está ao lado de Deus, firme no bem e resistente ao mal, trabalhando pela evolução sem fins pessoais.

Aos Pés do Mestre - Prefácio


de Krishnamurti (Alcione)Aos que batem…

Das trevas conduz-me à Luz
Do irreal conduz-me ao Real
Da morte conduz-me à Imortalidade


Prefácio

Minhas não são estas palavras, e sim do Mestre que me instruiu. Sem Ele nada poderia ter feito, porém, com o Seu auxílio comecei a trilhar a Senda. Tu também desejas entrar na mesma Senda; por isso, as palavras que Ele me dirigiu auxiliar-te-ão, se obedeceres a elas.

Não basta dizer que são verdadeiras e belas; o homem que deseja obter êxito necessita de fazer exactamente o que lhe é ensinado. Olhar para o alimento e dizer que é bom não satisfaz um faminto; é necessário que ele estenda a mão e o coma. Da mesma forma, não basta ouvir as palavras do Mestre; é preciso fazer o que Ele diz, atento à menor palavra, ao menor sinal, pois, se uma indicação não for seguida, se uma palavra for desprezada, perdidas ficarão para sempre, porque o Mestre não fala duas vezes.

Quatro são as qualidades necessárias para a Senda:
ï discernimento
ï ausência de desejos (desapego, abnegação)
ï boa conduta
ï amor

Tentarei dizer-te o que o Mestre me ensinou sobre cada uma delas.

sexta-feira, outubro 06, 2006

ler....

 Ler é entrar no Mundo
É reconhecer vidas,
Caminhos percorridos
Encontros,
Desilusões
E esperança.

É sentir
De outra forma.
É tocar o íntimo
Vivendo uma vida
Possível.
É experimentar
O Outro
de forma intensa
e plena.

Ler
É de descobrir
o trilho
que nos leva
ao retorno interior.